Historias de parto • Julia

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Já se passaram alguns dias do nascimento da nossa querida Julia e estou devndo um relato do parto sob o meu ponto de vista.

De lá para cá muitas emoções, muitas coisas a fazer e com isso o relato foi ficando um pouco para trás....

Hoje no entanto no que estou considerando minha semana de semi-férias decidi começar o dia contando um pouco do ocorrido e aproveitando para mandar algumas fotos.

O parto foi chegando lentamente....tivemos uma rotura alta de bolsa com saida de um pequenina quantidade de liquido amniótico.

Luana começou efetivamente a contrair em torno da meia noite do dia 14, alias a data provável. Suas contrações tinham um intervalo de 5 minutos e este padrão só se modificou no expulsivo embora mesmo lá o período entre uma e outra contração ainda era grande. Na madrugada ficamos na varanda, ela andava tomava sorvete. Claudia foi se deitar um pouco e acabamos por ficar a maior parte da noite eu e ela. As contrações foram se intensificando e em torno das cinco resolvi fazer um toque para ter uma ideia de como ia tudo, 4cm de dilatação, colo 80% apagado, a cabeça da Julinha no 2º plano. Continuamos nós as duas e Lucas por perto. O dia clareou , o padrão estava já mais intenso eLuana se queixava da dor ...era aquele plato mais chato. Já dizia : Helo vc não disse que doía tanto!! Foi duro para meu coração de mãe/sogra!! O intervalo se mantinha em 5 minutos e decidi novamente dar uma checada, a dilatação não tinha modificado. Em pouco tempo a casa ficaria cheia, a familia da Luana ia saber do parto... fiquei meio tensa em como dar conta do recado. Era hora da Claudia entrar em cena. Coloquei Luana na piscina, a agua mais para fria.Luana tinha muito calor... tambem imaginem verão no Rio de Janeiro.E fiquei fora do banheiro, respirando fundo, conectando as ideias e tentando organizar o ambiente...a esta altura já sabia que o parto ainda ia demorar.A familia da Luana ficou sabendo, telefonaram logo cedo. Logo Tainá, a irmã,  estava na sala ouvindo o gemido da irmã...um pouco assustada com tudo que ocorria. A chei por bem chamar a Maysa, percebi que ia precisar de ajuda. Não pelo parto em si, mais por tudo que estava ocorrendo.

Luana e Claudia sozinhas no banheiro...tinha certeza que era Claudia quem podia ajudar a Luana neste momento a dar aquele mergulho profundo...Eu estava cansada, mobilizada, sabia que precisava de ter um tempo fora. As 11 Maysa tocou estávamos com 9 de dilatação...tive a certeza de que tudo daria certo. Dali para frente teria que administrar o em torno e o parto seguiria seu curso normal.Minha irmã Bia e a Maria entrarão um pouco no banheiro, ajudavam jogando agua na Luana, na sua barriga, foi bom . Foi bom poderem ver Luana linda, entregue na piscina. Agarrada na Claudia, já bem, completamente em outro planeta.

A Tainá continuava lá, acompanhou a chegada da Maysa, meu desabafo, me senti impelida a deixa-la entrar um pouco. Difícil ser parteira na sua própria casa. Eu era a Helo, não a parteira.Privacidade todos já sabiam que era questão fundamental ...no entanto talvez esta tenha sido a maior dificuldade. Cada parto tenho mais a certeza de que o momento se faz e tem dinâmica própria. Hoje pensando mais distante não sei se poderia , ter agido de forma diferente. Não tive forças e até anterior a isto não quiz por exemplo impedir a entrada da Bia...minha irmã. Não tinha como....hoje vejo que esta foi a contribuição da Luana para que todas estas pessoas que participaram de alguma forma, que viverão este momento deixem seu depoimento do parto em casa. Tudo magico e complexo.

Vejo Maysa entrando na piscina e massageando a virilha da Luana que estava com dor...vejo a transformação desta linda enfermeira cada vez mais parteira....unhas lindas vermelhas, sem luva,,,,por opção, por vinculo, por intimidade por quebra de um antigo paradigma interno.

Lucas ali no expulsivo do lado da Luana fornecendo gelo e mais gelo. Quanto gelo, gelo com água , gelo na cabeça e compressa quente no períneo.

A ida para o banquinho da "Marilia Largura" foi dez !. Luana bem posicionada , tocava seu períneo. Sentia a Julinha, seus cabelinhos....Eu sentia o abaulamento do perineo... ai que prazer... faltava pouco muito pouco. A familia da Luana que já era numerosa batia na porta....Tainá sentadinha num canto não era suficiente...acabei sem nem pensar muito deixando que a mãe entrasse.O pai e tia acabarão por se conformar e esperar na sala novamente. Foi tudo tão rápido....não foi possível ser diferente...o preço a pagar era alto demais. Luana se quisesse poderia ter impedido, qualquer um poderia ter falado, tentado....silencio total era assim que tudo podia ser. Diminuir adrenalina, objetivo principal.

Um expulsivo lindo, lento, tranquilo, silencio total... tinha tensão no ar ( a mãe da Luana achava que o bebê estava mal posicionado).

Eu , Claudia e Maysa sintonia total, revezamento de papeis , funções, cada uma em um lugar...um bailado sem fala.Foi lindo !! No ultimo momento coloquei a mão da Maysa no períneo...queria dividir minha alegrai de sentir aquele tecido abaulando, sentir cabeça da minha netinha.Que coisa incrivel. Bcf lindo perfeito, Luana concentrada, com gelo e calor, esforço de mãe que sente sua filha bem pertinho.Aquela cara linda , suada exausta . Lucas abanando...perfeito, na sintonia com sua preta. Entre oleo, mãos de parteira e mãe nasce Julinha , gorducha, fofa, querida. Apenas um chorinho...aquele só para todo mundo ficar feliz e tranquilo.

 
Histórias, PartoHeloisa Lessahome